Cirurgias

Doença aterosclerótica e isquêmica do coração

Doença aterosclerótica e isquêmica do coração

A doença arterial coronariana é a mais comum patologia cardíaca, sendo a maior causa de morte no mundo atual.

A doença coronariana ocorre devido a obstrução ao fluxo de sangue causado pelas placas de aterosclerose, resultando em angina pectoris (dor no peito) e infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Enormes avanços no diagnóstico ocorreram na ultima década, entretanto a morbi-mortalidade permanece alta.  Nos casos agudos de infarto agudo do miocárdio, o pronto atendimento adequado é fundamental. Neste cenário, o cateterismo cardíaco e a angioplastia coronária primária têm um papel importante na diminuição da mortalidade.

Os fatores de risco mais comuns são: idade, dieta não balanceada, diabetes, pressão alta, colesterol alto, obesidade, inatividade física, hábito de fumar, stress. Fatores adicionais são o sexo, a etnia e história familiar.

Pacientes com familiares que desenvolveram a doença antes dos 50 anos devem fazer um check-up mais detalhado e imediatamente iniciar programa de prevenção. Homens tem maior risco de doença coronariana e mais jovens. Entretanto, mulheres com pós-menopausa (ou com menopausa precoce), com história de síndrome metabólica ou história de ovário policístico, encontram-se na faixa de risco. Enquanto a doença coronariana é considerada um problema masculino, mais mulheres morrem por ano de doença coronariana. De fato, as mulheres morrem 10 vezes mais de problemas coronarianos do que de câncer de mama.

Algumas etnias tem maior risco para desenvolver doenças cardíacas com maior taxa de mortalidade.

Colesterol é uma substância encontrada no sangue utilizada para reparo de células, produção de hormônios, e é importante no funcionamento orgânico. Produzimos colesterol naturalmente (cerca de 75%)  e o resto vem da alimentação. Muito colesterol no sangue contribui para formação de placas nas artérias que, nas do coração, produzem isquemia. Temos 3 tipos de colesterol: o colesterol ruim (LDL – low density lipoprotein), que deposita nas artérias e torna as placas mais rígidas; o colesterol bom (HDL – high density lipoprotein), que transporta o colesterol das artérias para o fígado, e abaixa os níveis de colesterol no sangue; e os triglicérides, que são uma espécie de gordura encontrada no sangue. Usualmente, níveis mais altos em obesos, inativos, fumantes, consumidores de alto índice de álcool e carboidratos.

Sinais e sintomas

Os sinais de doença coronariana não são muito exuberantes, tendem a serem súbitos, indo de leve desconforto a dor extrema.  Muitos revelam sintomas como: opressão ou peso no lado esquerdo do peito, pressão ou aperto ou ainda uma dor em facada no peito, respiração curta, dor irradiada para o braço esquerdo ou mandíbula ou pescoço. Sudorese fria e fraqueza, indigestão ou vômito.

As mulheres são menos propensas a referir dor no peito e referem-se mais a sudorese fria, fadiga, pressão no peito ou dor nas costas.

Detecção e diagnóstico

É muito fácil a identificação da doença coronariana após um ataque cardíaco. Contudo, é mais desafiador a detecção em pacientes sem ou com poucos sintomas. Vários exames auxiliam este diagnóstico precoce como os teste de esteira, medicina nuclear, ressonância magnética e anatomicamente a tomografia de artérias coronárias. O cateterismo cardíaco ainda é imprescindível para esclarecer definitivamente a anatomia e por conseguinte o melhor tratamento.

 

Cirurgia de coronária (revascularização do miocárdio)

A cirurgia de coronária, conhecida no passado como cirurgia de ponte de safena, é um dos procedimentos mais estudados da medicina. É indicada quando há obstrução de uma ou mais artérias coronárias com estreitamento ao fluxo maior que 70% (exceção a lesão de tronco da coronária esquerda > 50%). A cirurgia restaura o fluxo sanguíneo normal por criar um desvio de sangue ao redor da obstrução, levando sangue oxigenado ao miocárdio.

É um procedimento extremamente seguro, com benefícios na qualidade de vida e em diminuição na mortalidade. Estudos recentes, com as mais novas tecnologias, mostram grande beneficio da cirurgia de coronária em vários grupos de pacientes, sobretudo nos portadores de diabetes.

Quem são os candidatos para cirurgia de revascularização miocárdica? Por que eu preciso operar?

A cirurgia de coronária proporciona alívio dos sintomas (angina, falta de ar), ajuda ao retorno ao estilo de vida com segurança e reduz os riscos de novos problemas cardíacos (reduz retorno dos sintomas e diminui o risco de morte).

A comunidade cientifica estuda muito os benefícios da cirurgia de coronária, e atualmente sabemos muito bem quem são os candidatos:

- pacientes com várias lesões nas coronárias, chamados de multiarteriais. O benefício neste cenário é aumento de sobrevida. Ou seja, quando comparado à angioplastia, o benefício da cirurgia é significativamente maior;

- pacientes com lesão no tronco da coronária esquerda

- pacientes com lesão na principal artéria do coração, a artéria descendente anterior.

Outros comemorativos clínicos devem ser analisados conjuntamente com seu cardiologista, onde a diabetes é um fator muito importante no benefício inequívoco da cirurgia. Os pacientes diabéticos são os que mais se beneficiam da cirurgia de coronária.

Outro aspecto fundamental na escolha do procedimento é a discussão do seu caso clínico com vários especialistas: um cardiologista, um cirurgião e um hemodinamicista, para a escolha da melhor alternativa para este determinado paciente.  

Quais os tipos de enxertos que podem ser utilizados?

Os enxertos arteriais (artéria mamária esquerda e direita) são os mais utilizados. O emprego de enxertos arteriais é considerado o padrão de escolha, e resulta no melhor resultado a longo-prazo.

Os enxertos venosos (veias safenas magna) são retirados da perna. Embora enormes esforços sejam feitos para melhorarem os resultados de patência, as veias ainda têm problemas de perviabilidade em longo prazo.

O cirurgião irá analisar com você qual o melhor enxerto para seu caso, e apresentar as vantagens e riscos desta escolha.  A escolha dos enxertos depende de vários fatores, incluindo a localização e extensão da lesão na coronária, tamanho das artérias e disponibilidade dos enxertos arteriais e venosos, idade e condições clinicas.

Nosso grupo têm uma experiência enorme com este tipo de procedimento,  em  mais de 8 mil  operações de coronárias já realizadas. Esta experiência permite uma cirurgia segura, efetiva.

Nossos cirurgiões utilizam técnicas individualizadas para cada caso, com grande ênfase para o melhor padrão de enxertos. A utilização de duas artérias mamárias é considerada como padrão ouro com vasto impacto na duração dos enxertos, sendo utilizado na maioria dos nossos pacientes.

O que existe de novidade na cirurgia de coronária?

Em muitos casos pode-se fazer a cirurgia de coronária sem a utilização da máquina coração-pulmão artificial (circulação extracorpórea), conhecida como cirurgia de coronária sem CEC. Esta técnica é indicada em pacientes idosos, pacientes com complicações clinicas importantes.

Em um grupo selecionado de pacientes pode-se fazer a cirurgia por uma pequena incisão, logo abaixo do mamilo esquerdo. A cirurgia é realizada por uma minitoracotomia.

Em várias situações clinicas, onde o paciente apresenta riscos elevados para cirurgia, utilizamos o que tem de mais moderno, a cirurgia de coronária hibrida. Nestes casos fazemos a cirurgia de coronária sem CEC e, após, o paciente submete-se a angioplastia dos vasos não tratados na cirurgia. Este procedimento é realizado rotineiramente em nosso serviço em casos complexos e principalmente em pacientes idosos.